Já há alguns anos trabalhando
com a espiritualidade, comecei a estudar casos de pessoas que não conseguem
resolver seus problemas, que em muitos casos parecem ser simples, mas não é
isso que ocorre.
Inicialmente aquele problema
simples, vai se tornando cada vez maior... Idêntico a uma bola de neve!
Mas porque? sempre me pergunto.
Como conseguem complicar algo
que inicialmente era simples de ser resolvido? Qual a lógica?
Há pessoas que
procuram na religião a satisfação utilitarista. Acreditam que a religião deverá
lhes dar a vitória, o sucesso, a felicidade para essa vida, e a salvação eterna
para a outra. Hoje, algumas seitas religiosas pregam isso abertamente e
convidam os que querem deixar para traz a infelicidade, o fracasso, a se unirem
a elas.
Algumas pessoas
chegam a dizer, que resolveram mudar de religião, para serem felizes.
No dia a
dia dos centros espíritas tenho me deparado com essa situação. Muitos o procuram
no desejo de obter benefícios imediatos, como: curas, enriquecimento,
conquistas amorosas, anular um desafeto e outras coisas mais...
Contudo, a finalidade do Espiritismo não é o de arranjar a vida
das pessoas. Os espíritos superiores, embora nos amem e nos auxiliem, não são
serviçais à nossa disposição para os pequenos interesses humanos.
Quando as
pessoas insistem nesses pedidos e não percebem o extraordinário novo campo de
visão que se lhe abre à frente, acabam por perder a proteção dos bons espíritos
e os maus, os ignorantes, tomam conta da situação, pois estão sempre prontos a
atender a todos os pedidos, mesmo os injustos. Esses espíritos podem satisfazer
certos pedidos, porém, futuramente, cobram muito caro a satisfação concedida.
Quando Jesus de
Nazaré ofereceu a Água Viva do Evangelho para a mulher Samaritana, afirmando
que quem bebesse da água que ele oferecia nunca mais teria sede, a mulher pediu
para que o Rabi Galileu lhe desse da tal água, porque assim ela não precisaria
buscá-la diariamente. Ela não compreendeu que o Mestre não a isentava do
trabalho, das lutas evolutivas, do aperfeiçoamento, mas alargava os seus
horizontes espirituais.
O que devemos
procurar no Espiritismo? Devemos procurar a elevada compreensão do processo que
é a vida. O Espiritismo oferece essa compreensão. Ele é, no dizer de Herculano
Pires, a plataforma para as novas conquistas da humanidade.
É proibido,
então, à mãe que chora a perda de seu filhinho, buscar notícias que a console?
É proibido ao homem que vê a esposa doente, em risco de vida, pedir a cura ou a
esperança? Aquele que não consegue um emprego e precisa sustentar a família não
pode pedir aos espíritos que o ajude a se empregar? O homem de negócios que
está atormentado pelos fracassos sucessivos, não pode ir buscar orientação junto
a uma casa espírita? Nada disso é proibido e é natural que o centro espírita
preste esse socorro e vários outros, mas é preciso que ensine a libertação, ou
seja, o conhecimento espírita. É preciso que compreendam que os espíritos não
fazem pelo homem, aquilo que ao homem compete fazer.
É comum ao ser
humano, o desejo de se ver liberto das dores, angústias e dificuldades.
É comum
procurarem meios mais ou menos mágicos para resolver seus problemas.
No
Espiritismo não poderia ser diferente. Quase sempre, aqueles que se decepcionam
com a Doutrina Espírita e a abandonam, são os que querem soluções mágicas. Não
existem soluções sem esforços, luta, trabalho.
Não raro a dor,
o problema aparentemente insolúvel, é o chamamento para uma nova postura, um
novo caminho, um novo ideal. O fato de sermos espíritas ou médiuns, não nos dá
privilégios e sim responsabilidades.
Não feche os olhos para a luz. Não peça o
que o Espiritismo não lhe pode dar e não se decepcionará com ele!